O Espaço Memória encheu, no dia 19 de novembro, para o lançamento do Catálogo da Exposição “O Regresso das Bandeiras”.
A iniciativa integrou uma performance dos alunos do 10º ano da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça, acompanhados pelos professores Luís Dias e Joana Pimpista, seguida de visita à Exposição “O Regresso das Bandeiras”.
Carlos Humberto de Carvalho, Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, considerou que a realização da exposição, a edição do Catálogo e a assinatura de protocolo com a URAP, foram o cumprimento de “uma obrigação, um dever, uma homenagem à nossa Terra que tanto admiramos. O Barreiro não esquece o terror do período de ditadura e os que lutaram pela liberdade, democracia e pelo futuro”.
Neste sentido, “O Regresso das Bandeiras” visa homenagear e destacar todos os que lutaram. “É função dos poderes públicos preservar essa memória”, considera. “Queremos assumidamente tomar partido pela Democracia, pela Liberdade”, salientou o Autarca, considerando que “é preciso não desistir, é necessário definir estratégias de defesa dos Direitos e da Liberdade, semear a esperança, construir um tempo novo. Os povos merecem bem-estar, desenvolvimento, Paz e Liberdade”.
O Diretor do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Silvestre Lacerda, felicitou a Autarquia pela edição do catálogo sobre a mostra. “Os catálogos são as evidências das exposições, são um documento que fica para a posteridade, que fica como memória das nossas atividades”, referiu.
Silvestre Lacerda realçou a importância de “ouvir várias vozes” para a construção da memória. “É importante ter a perspetiva daqueles que enfrentaram o poder e que são a larga maioria da população. À custa deste esforço de memória é que vão tendo voz“, referiu, salientando em relação à iniciativa que “estamos perante um ato de memória e de perenidade que vai perspetivar o futuro, de maneira que seja mais plural e livre”.
Nesse mesma cerimónia também houve lugar à assinatura do protocolo entre o Município do Barreiro e a União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), com vista a prosseguir o estudo das lutas de resistência antifascista no Barreiro.
Refere o texto do protocolo que “o Município do Barreiro tem vindo a desenvolver um percurso de homenagem ao Barreiro e aos barreirenses que, durante os 48 anos de ditadura fascista (1926-1974), foram vítimas de perseguição, prisão, tortura e deportação e que com o seu esforço deram um contributo inestimável para a conquista da liberdade e da democracia no nosso País”.
No âmbito do “desenvolvimento de políticas públicas da memória, designadamente contribuindo para a valorização e reparação da memória das lutas de resistência antifascista, elemento intrínseco à identidade e memória coletiva barreirense”, Autarquia e URAP “consideram de muito interesse promover o reforço de cooperação cultural e humana sobre o tema da resistência, recordando todos os que lutaram por um País mais livre e democrático”.
O protocolo tem por finalidade:
“Dar continuidade ao levantamento de nomes e biografias de resistentes antifascistas e presos políticos barreirenses; promover a investigação sobre a existência de casas clandestinas e outras áreas que revelem a importância do Barreiro na luta contra o fascismo; promover a investigação sobre o papel do Movimento Associativo do Barreiro na luta contra o fascismo; desenvolver iniciativas de caráter histórico e cultural que tenham como tema central a homenagem aos resistentes antifascistas e aos presos políticos”.
O representante da URAP, José Pedro Soares, lembrou algumas ‘ameaças’ à Democracia e à Liberdade no mundo atual e salientou a importância das novas gerações saberem “o que custou a Liberdade. No tempo presente, é importante que seja a Democracia a vencer”, salientando que “a luta continua agora perante as desigualdades”.
Lembrou, emocionado, que “o fascismo em Portugal foi muito duro” e recordou o nome de vários resistentes.
O Catálogo está à venda, no Espaço Memória e outros equipamentos municipais, por 7,50€.
A mostra resultou de uma parceria entre o Município do Barreiro e o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, assinalando um momento icónico da História do Barreiro do século XX, da resistência ao Estado Novo e da luta pela liberdade e pela paz.
Passaram mais de 80 anos sobre o momento em que as bandeiras foram desfraldadas numa “Jornada de Luta contra a Guerra e o Nazifascismo”, que se afirmava em Portugal e no Mundo. “Aprisionadas” nos arquivos policiais durante todo este tempo, o seu retorno ao local de origem – o Barreiro – constitui um momento de homenagem aos participantes e, simultaneamente, de reflexão sobre um período negro da História de Portugal e muito particularmente da história de gerações de barreirenses, que é oportuno recordar para que não volte a repetir-se.
03 Fev 2017