Indústria da Construção Naval
A saga dos Descobrimentos portugueses está intimamente ligada ao Barreiro e à Ribeira da Telha, sita no lugar da Azinheira. Juntamente com a Ribeira de Lisboa, a Ribeira da Telha fazia parte do complexo de construção naval do Tejo mas beneficiava, em relação à da capital, do facto de se situar junto a uma importante mancha florestal (a atual Mata da Machada), fonte de matéria-prima, assim como do facto de se situar na margem direita do rio Coina, o que lhe conferia uma exposição solar favorável e a mantinha abrigada das tempestades de Inverno.
Contudo, no Barreiro, a construção naval não se esgotou na Ribeira da Telha, pois se aí se construía por ordem Real para a longa navegação, não foi menos importante a construção da ferramenta do dia-a-dia para as gentes que labutavam em campanhas fora da barra do Tejo nas Muletas do Barreiro, um tipo específico de barco do Tejo. E como o topónimo aparece ligado ao tipológico isso significa, sem dúvida, que as Muletas eram construídas na zona que hoje se denomina por Alburrica e que, junto dos moinhos, albergou estaleiros de construção naval de média dimensão como o do mestre Francisco Ferreira em laboração até meados do século passado.